POLÍTICA E AFINS...

David Araujo Campos
Por uma nova democracia corinthiana 

Este mês de setembro foi recheado de comemorações e datas importantes da história política e cotidiana da humanidade, dentre essas datas estão o aniversário de 101 anos do Sport Club Corinthians Paulista, o dia da Independência do Brasil e o dia Internacional da Democracia (15/09), sendo esta última a mais importante diante da nossa atual conjuntura social e política.

Ao relacionarmos o dia internacional da democracia com a história do Brasil, parece que estamos noutro planeta, ou numa vida paralela e distante do planeta Terra, distantes daquilo que é intitulado o governo do povo. Desde a monarquia, sofremos com o descompasso da lei e sua ideologia com a vida prática, sendo a desigualdade e a falta de justiça social alguns dos principais motivos da carência de nossa democracia, que é baseada na participação política e liberdade.
05 de Outubro de 1988 - Promulgada a Constituição Cidadã, pondo fim ao ciclo autoritário instituído pelo governo.

    Como dizia Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra Raízes do Brasil, “a democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal entendido, uma aristocracia rural e semi-feudal importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios que tinha sido, no Velho Mundo (Europa), o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas”, em suma os direitos vividos na plenitude por uma elite aristocrática, e limitado ao povo. Tivemos avanços da prática democrático, entretanto, temos muito a realizar, para, enfim, tornar a Constituição Cidadã (1988) uma letra viva na sociedade civil, e não somente um conjunto de leis para inglês ver. 

Um dos movimentos civis que assistimos, na luta pelas “diretas já”, foi a popular “Democracia Corinthiana”, liderada pelo sociólogo e diretor de futebol, Adilson Monteiro Alves, o movimento ocorreu no inicio da década de 80.

Uma das características da manifestação foi a participação dos jogadores em quase todas as instâncias administrativas do clube, o lema do movimento era a Liberdade. Contando isso nos dias atuais, pode ressoar como um discurso demagógico, no entanto, tal movimento vivido em plena ditadura militar, aonde os direitos civis e políticos eram restritos,  foi um marco na história dos protestos civis da sociedade brasileira, contrariando argumentos que negam a relação entre futebol e política.

Em sua obra “Nações e nacionalismo: desde 1870", o historiador E. J. Hobsbawm deixa claro a dimensão política do futebol, quando disserta que a comunidade imaginária (nações) de milhões de pessoas, se auto afirma como nação, e se sente representada por um time com onze pessoas dentro de um campo, onde se efetua as pseudolutas sociais, além disso as crianças ampliam o conceito de lealdade ao time para a nação.  

futebol é um instrumento político de grande relevância, e esse paradigma pode ter mais destaque no Brasil, país do futebol. 


O movimento social proposto pela Democracia Corinthiana foi um evento ímpar na história social do esporte, mas, por conta dos problemas vividos na atual democracia brasileira, carece de certo continuísmo. Agora, com direitos civis, políticos e sociais reconhecidos por lei, as pessoas sofrem por conta do precário funcionamento das instituições públicas e sociais, que, deste modo, impedem ou dificultam a "plena" vivências destes direitos na prática.
MAIS DO QUE UMA TORCIDA, UM MOVIMENTO SOCIAL! UM NOVO JEITO DE SER CORINTHIANS!
 O movimento “fanáticos pelo coringão” surge com uma nova perspectiva de luta democrática. Através do futebol, combatemos sobretudo a desigualdade de condições sociais e preconceitos que ainda são problemas imperativos na história brasileira. Desta forma, cidadãos e torcedores lutam por um pacto social mais justo, pois, até agora, devido a bandeira da desigualdade, os mais fortes impõem as condições que lhe são mais favoráveis, numa inversão de valores entre a minoria rica e o povo,onde a predominância estrutural dos processos de exclusão se sobrepõem aos processos de inclusão.
  
Nosso movimento luta contra o problema endêmico da corrupção que já não é considerada anomalia no nosso corpo político, sendo nosso sistema político, republicano democrático, cada vez mais desqualificado por culpa de nossos representantes e da falta de envolvimento político por parte da população. Haja vista,  a atual demissão de alguns dos ministros acusados e investigados por denuncias de corrupção, como Antônio Palloci (Casa Civil), Wagner Rossi (Agricultura), Alfredo Nascimento (Transportes) e Nelson Jobim (Defesa). Por outro lado, sabemos que a formação de nossa mentalidade impõe dificuldades na distinção entre o publico e o privado, colaborando com tal anomalia, e portanto, precisamos superar esse entrava democrático.

Ao refletirmos sobre alguns conceitos básicos da democracia ditos pelo Dr°.  José Álvaro Moisés, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, consideramos que, deve haver um maior controle dos poderes republicanos pela sociedade civil, por meio de instituições que funcionem. A participação da sociedade civil de forma mais direta nos mecanismos do estado, trará um revigoramento da democracia. 

No que diz respeito a questão ambiental e o paradigma do crescimento sustentável, acreditamos que dependem da democracia, pois somente com sua vivência o povo terá informações claras e qualificadas sobre as decisões do governo que afetam o meio ambiente, para depois intervir.

Por fim, a política baseia-se na pluralidade dos homens, logo, a nossa torcida corintiana e movimento popular se identifica com a proposta de um “Time do Povo” em termos menos futebolístico e mais social e globalizante. Desejamos representar toda a sociedade civil diante das necessidades de organização política, independentemente,  da etnia, opção sexual, religião, ou qualquer outra diferença. Segundo a cientista política Hannah Arendt "a política trata da convivência entre os diferentes, os homens se organizam politicamente para certas coisas comuns, essências num caos absoluto, ou a partir do caos absoluto das diferenças.
MIGUEL BATAGLIA - "O CORINTHIANS É O TIME DO POVO, E É O POVO QUEM VAI FAZER O TIME!"


Os fanáticos pelo coringão também veem o futebol como um instrumento político de revitalização moral de valores esquecidos ou não praticados, assim como a valorização da família que é excluída das partidas de futebol devido a onda de violência e posturas psicóticas de algumas torcidas organizadas. Portanto, notamos um processo de exclusão da família, o maior bem da sociedade moderna e liberal, outro valor que desejamos revigorar é a honra e a honestidade que faltam na nossa prática política.


    Sentimos que temos muito por fazer!
    Salve Fanáticos.