Quem nos representa?

Por David N. A. Campos

               Assistindo um canal de esportes, durante essa semana, vi um senhor, um daqueles ícones de 70 anos de idade, que presenciou uma nação se alegrar com a conquista de 1977, quebras de tabus e a luta pela democracia de 1982, o nome dele é Osmar de Oliveira, seria um atrevimento, de minha parte, ficar soletrando a sua importância para nossa nação, sempre como defensor, daqueles que representam o povo.

Dr. Osmar de Oliveira

               O nosso ancião colocou uma camisa com um logo: “você vai precisar de um desses”, ao lado, a foto de uma passagem de metrô, isso foi feito em resposta ao, então vereador, Marco Aurélio Cunha, que zombava do time do povo, por não ter casa própria, a contra resposta do vereador, representante da minoria paulistana, foi mais “racista”, do que a zombaria anterior, agora, ele caçoa, pelo fato, desse ser o único passaporte do torcedor corinthiano, pela ausência de títulos internacionais.

Vereador Marco Aurélio Cunha

 Os deboches de pessoas, como deste vereador, demonstra o escoramento da classe dominante na desigualdade, para satisfação do seu ego inflado de falso poder. Engraçado que, este Corinthians sem casa, se assemelhou durante anos, com o operário, que suava a vida toda, pagando impostos altos, sem o direito de uma residência própria, mesmo quando prescrito em lei, a história deste time, se assemelha aos milhões de passageiros, que circulam no metrô, para fazer a economia brasileira trilhar melhores rumos, entretanto, sem condições de pagar uma viagem para fora do Brasil, ou por deveras vezes, para dentro do país, estado ou município, assim são tratados como estranhos, na sua própria terra.

               Acontece que, nos orgulhamos da honestidade, e não nos sentimos inferiores por tais deboches, mas injustiçados, por tamanha desigualdade na sociedade brasileira, e tais afrontas são apenas reflexos, do que eles falam do pobre, que limpa as ruas, para eles circularem com seus carros de milhares de reais, isso não digo pela escolha pretensiosamente política do vereador, mas pelas evidências, do tratamento que gozam os membros mais pobres do clube “burguês”, e sob falsos discursos, tais dirigentes conquistam os incautos, que lhe rendem lucros.

               Os próprios dirigentes do “são paulo”, time que nunca deveria receber este nome, pois não representam o povo, pronunciaram discursos inflamados, chamando Itaquera de fim de mundo. Eles querem a modernização para eles, e não para a diarista, o pedreiro, o operador de telemarketing e auxiliar de enfermagem da periferia.

               Incomoda comprar uma passagem de metrô, para quem sempre teve combustível e passaporte pago, pelo povo, com quem fingem, se preocupar, é evidente, que a construção de um estádio em Itaquera, será benéfico aos moradores da zona leste, mas ele, e outros,  somente aprovaram  os incentivos fiscais, na câmara municipal, a construção de magnânima obra em Itaquera, caso o estádio fosse sede da primeira partida da Copa, pois o interesse é projeção partidária, afinal de contas, eles não querem ficar com a culpa de má gestão em São Paulo, chegaram à situação de perder de vista os fatos e os homens, envolvidos entre agitações e enredos pessoais.

               Cabe aqui a questão: O terreno, para a construção do Estádio Cícero Pompeu de Toledo (o Morumbi), veio da esfera pública ou privada?

             Não deveríamos ser tão alheios à vida pública, a política nos pertence, a escolha de representantes, que não nos representam é um problema, proponho o fim da separação da vida social e da política, e não assistirmos mais, bestializados, as mudanças sociais, sem intervirmos, para o bem do público.